Especialista em Direito Aeronáutico disse que Botafogo poderia ter escolhido outro modelo de avião e comentou o que pode ser feito juridicamente
O caso do avião contratado pelo Botafogo para viajar até o Catar para disputar a Copa Intercontinental segue rendendo. O clube planeja pedir o ressarcimento pelo serviço prestado pela empresa de táxi aéreo e precisou trocar de avião para viajar até o Rio de Janeiro, onde desembarcou na tarde desta sexta-feira (13).
Um especialista que conversou com a Trivela concordou com as críticas de Alexander Barboza quanto ao modelo de avião utilizado pelo Botafogo para viajar até Doha no começo da semana. Para ele, outros modelos de avião permitiram uma viagem mais confortável para os jogadores e comissão técnica antes do duelo com o Pachuca, na última quarta-feira.
— A aeronave utilizada, um Boeing 767-300, possui uma autonomia de voo inferior à distância entre Rio e Catar, fazendo-se necessária uma escala técnica. A solução técnica adequada, no nosso sentir, seria a contratação de aeronaves de fuselagem larga (widebody), com alcance superior e configuração VIP, como os modelos Boeing 787, 777 ou Airbus A340 — disse à Trivela o especialista João Roberto Leitão de Albuquerque Melo, sócio do Albuquerque Melo Advogados e membro da Comissão de Direito Aeronáutico, Espacial e Aeroportuário da OAB/RJ.
Na última quarta-feira, após a eliminação do Botafogo para o Pachuca, o zagueiro Alexander Barboza disse que o avião utilizado pelo Botafogo, que pertence ao New England Patriots, da NFL, “não era o melhor” e que “era um avião fraco”.
Como informado pelo “Uol”, jogadores do Botafogo reclamaram que os assentos do avião não reclinavam o suficiente. Alguns atletas, como Thiago Almada, de menor estatura, utilizaram os assentos com três poltronas para deitar. Porém, os mais altos, como o goleiro John, não conseguiam deitar nestes locais. Uma imagem de John com as pernas esticadas por cima do banco viralizou após a viagem.
O fato do avião ter precisado parar no Marrocos para abastecer também incomodou e aumentou o tempo de viagem.
— Para esse tipo de transporte, nem sempre a relação preço x benefício é benéfica. Nesse caso, trata-se de um voo de longa distância, de mais de 12 horas, e é muito importante para os atletas e comissão técnica chegarem ao destino o mais descansados possível, pois também temos que considerar os efeitos fisiológicos da diferença de fuso horário, conhecido como jet lag — disse João Roberto Leitão de Albuquerque Melo.
Botafogo diz que empresa enviou avião errado
De acordo com o “ge”, o Botafogo pretende entrar com uma representação contra a Omni Air International, empresa que intermediou o fretamento do avião do New England Patriots. Mas, vale ressaltar que o Glorioso também conseguiu o avião pela boa relação que John Textor tem com Robert Kraft, dono da franquia de futebol americano.
O Botafogo argumenta que teria pedido um avião com todos os assentos reclináveis. O clube teria reclamado ao receber o avião no Rio de Janeiro, mas não houve tempo hábil para a troca, que só aconteceu para o voo de volta. Nas redes sociais, no entanto, o Glorioso exaltou que os jogadores estavam viajando “com todo conforto e a segurança fornecida pela aeronave do Patriots”.
Para o especialista em aviação, se o Botafogo estiver amparado em um contrato de prestação de serviço, é possível conseguir uma indenização.
— Definir todas as condições relacionadas à prestação do serviço, vistoria prévia da aeronave, bem como o nível mínimo de serviço, em um contrato que, em situações como essa, haja um instrumento jurídico que ampare o contratante rapidamente na troca de aeronaves, com garantias eficazes para uma eventual indenização, no caso do inadimplemento contratual — finalizou João Roberto Leitão de Albuquerque Melo.
Fonte: Trivela