Na arena da inovação, escritórios de advocacia ainda não assumiram liderança

Na arena da inovação, escritórios de advocacia ainda não assumiram liderança

Quando se fala em inovação, os escritórios de advocacia ainda são seguidores que aguardam que as tendências sejam estabelecidas antes de se adaptarem.

A inovação é um motor poderoso de crescimento e transformação. No entanto, o setor jurídico é resistente a ela, com a maioria dos escritórios de advocacia assumindo o papel de seguidor. Essa postura conservadora, embora compreensível, precisa ser reavaliada para que se possa atuar no espírito do tempo, atendendo melhor e com mais qualidade o público-alvo, absorvendo as novas demandas e necessidades de uma sociedade em acelerada transformação.

A prática jurídica tem suas raízes profundamente fincadas em uma mentalidade conservadora associada à estabilidade do sistema jurídico, o que muitas vezes impede a adoção de novas abordagens e inovações.

O caminho é longo e existem muitos desafios a serem superados. As regulamentações que regem a prática jurídica e os altos custos de novas tecnologias podem dificultar a implementação pelos escritórios em geral. A natureza complexa e personalizada dos serviços jurídicos também torna a integração de novas tecnologias um processo mais lento e complicado. Ferramentas que já funcionam de modo satisfatório em outros setores podem não se adaptar facilmente às especificidades e necessidades do direito.

Curiosamente, o setor público tem feito avanços notáveis e está na vanguarda da inovação. E, se por um lado a inovação embarcada no Poder Judiciário traz benefícios diretos para os advogados, por outro o setor público ganha uma vantagem significativa nas disputas, como a que ocorrerá como reflexo do acordo firmado pelo Governo com a OpenAI, que permitirá que a AGU mapeie tendências e áreas de ação para que seus funcionários tomem ações direcionadas e estratégicas.

Apesar dos desafios, existe uma oportunidade única para se destacar no setor como líder em inovação e promotor da transformação do mercado.

Investir em tecnologia é mandatório, assim como manter o foco na necessidade e na experiência do cliente. Promover o desenvolvimento contínuo e a capacitação das equipes é crucial. Investir em treinamentos para novas tecnologias e metodologias ágeis pode criar um ambiente favorável à inovação. Colaborar com legaltechs, universidades e outros parceiros do ecossistema pode acelerar novas ideias, o processo de inovação e a adoção de tecnologias avançadas.

Um compromisso claro com a transformação digital e a disposição para explorar novas possibilidades e assumir riscos calculados são fundamentais para liderar essa mudança. Superar a resistência e abraçar as novas tecnologias e metodologias de trabalho não é fácil, mas é um passo necessário para permanecer relevante e oferecer o melhor serviço. O futuro pertencerá àqueles que ousarem inovar, arriscar e liderar.

Cabe aos líderes de escritórios de advocacia promover uma cultura aberta à inovação.

*Danielle Braga Monteiro é Chief Legal Officer em Litigation no Albuquerque Melo Advogados. É graduada pela Faculdade Nacional de Direito da UFRJ e possui MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC.

Publicado por Rota Jurídica